Quais são os graus de pobreza e corrupção nos Estados Unidos

O país com a maior economia do mundo também tem de lidar com a pobreza, a desigualdade e a corrupção.

Mas em que níveis?

Vamos trazer dados importantes sobre os Estados Unidos – e mostrar como eles se comparam ao Brasil e à América Latina.

Começando pela pobreza.

Antes de mais nada, é preciso deixar claro que estamos falando de patamares diferentes de pobreza.

Ser considerado pobre nos Estados Unidos, a maior economia do mundo, ou na América Latina, a região mais desigual do mundo, não é a mesma coisa

Nos Estados Unidos, uma família de dois adultos e dois filhos é classificada como pobre se tiver renda igual ou menor a 26 mil dólares por ano. 12% da população americana está nesse grupo.

No câmbio atual, com essa mesma quantidade de dinheiro, uma família na Colômbia ou no Brasil, por exemplo, pertencem à classe média.

É uma renda equivalente a 11 mil reais por mês.

Se dividirmos isso pelos quatro membros da família fictícia, cada um teria 2.875 reais por mês.

Em contrapartida, olha só o tamanho da pobreza no Brasil: um estudo da FGV estima que quase 63 milhões de brasileiros sobreviviam com uma renda domiciliar per capita de apenas 497 reais por mês.

Então para traçar comparações com os Estados Unidos, é preciso levar em conta outros fatores:

desde o câmbio até o fato de que os salários são mais altos nos Estados Unidos, mas o custo de vida também é.

Por isso, o Banco Mundial e a ONU criaram índices comparativos que levam em conta essas diferenças de custo de vida, valor das moedas, entre outros fatores.

O Banco Mundial estima a porcentagem da população que vive em pobreza extrema, com menos de 2 dólares e 15 centavos por dia.

Isso ajustado ao poder aquisitivo de várias moedas.

Nos Estados Unidos, 1% da população vive nessa situação.

Ou seja, mais ou menos 3 milhões de pessoas.

No Brasil, os dados mais recentes do Banco Mundial são de 2020, e estimaram que o auxílio emergencial dado pelo governo por causa da pandemia fez a pobreza extrema cair para 1,95% naquele ano, ou 4,1 milhões de pessoas.

Aqui vale dizer que em agosto de 2020 a pobreza chegou ao seu menor nível no Brasil devido ao auxílio emergencial, mas voltou a subir em seguida quando o pagamento foi interrompido.

Os especialistas, aliás, criticam essa falta de estabilidade. E os dados mais recentes do IBGE mostram que os avanços da pobreza e da extrema pobreza

foram recordes no Brasil em 2021, na comparação com o ano anterior.

A ONU produz outro indicador, o de desenvolvimento humano, que não mede só o salário, mas também o acesso das pessoas a serviços que trazem bem-estar, como saúde e educação.

O índice vai de zero a 1, sendo que quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento de um país. Os Estados Unidos pontuam 0,92 nesse indicador. O Brasil, 0,75, abaixo de alguns vizinhos de América Latina, como Chile e Uruguai. Também dá para comparar níveis de desigualdade, e um dos indicadores que medem isso é o de Gini.

Quanto mais baixo for um indicador de um país, menor é a desigualdade.

Um adendo importante: muitos economistas veem limitações no coeficiente de Gini. Entre os motivos, porque acham que ele não ajuda a distinguir a origem da desigualdade.

Com essas limitações em mente, vamos aos números.

O coeficiente dos Estados Unidos é 41,5 – sob esse critério, é um país menos igualitário que o Uruguai, mas bem mais do que o Brasil.

E é claro que desigualdade e pobreza têm efeitos importantes na política.

Shailly Barnes, diretora de políticas públicas no Kairos Center, um centro de estudos em Nova York dedicado ao combate à pobreza, diz que a política americana não responde às necessidades dos cidadãos mais vulneráveis.

Pra ela, assim como acontece em muitos países, a ansiedade ligada à preocupação com a pobreza no país alimenta fenômenos como o populismo.

Shailly Barnes explica que, na última década, cresceu nos Estados Unidos o uso de discursos racistas como resposta a um eleitorado preocupado com a piora de seu nível de bem-estar material.

E quanto à corrupção?

É mais um tema recorrente nos debates políticos também nos Estados Unidos.

Na campanha eleitoral de 2016, quando foi eleito presidente, Donald Trump prometia combater a corrupção e o establishment político de Washington.

Já quatro anos depois, nas eleições em que ele saiu perdedor, o discurso foi centrado na acusação sem provas de que a votação teria sido fraudada.

Mas de modo geral, embora nem sempre, o panorama é melhor nos Estados Unidos do que na América Latina. Isso segundo

os dados da Transparência Internacional – organização que mede a percepção sobre corrupção no mundo.

O ranking da ONG é liderado pela Dinamarca, com 88 pontos de um máximo de 100 sobre baixa percepção de corrupção no país.

Os Estados Unidos não pontuam bem.

Estão num nível parecido com o do Chile.

O Brasil e a Argentina estão na posição 96.

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