Silicon Valley Bank, o que sua quebra pode afetar no desenvolvimento das startups?

O Silicon Valley Bank (SVB) era um dos principais bancos do mundo voltados para o setor de tecnologia e inovação. Fundado em 1983 na Califórnia, o SVB financiou algumas das maiores startups do Vale do Silício, como Uber, LinkedIn e Airbnb. Além disso, o banco oferecia serviços de conta corrente, câmbio, investimentos e crédito para empresas de diversos países, incluindo o Brasil.

No entanto, na última sexta-feira (10), o SVB anunciou que estava encerrando suas atividades por conta de uma grave crise financeira. Segundo a Corporação Federal de Seguro de Depósitos dos EUA (FDIC), o banco tinha cerca de US$ 209 bilhões em ativos totais e US$ 188 bilhões em depósitos no final de 2022.

A causa da quebra ainda está sendo investigada pelas autoridades norte-americanas, mas há suspeitas de fraudes, má gestão e exposição excessiva a riscos.

O fechamento do SVB gerou um grande impacto no mercado global de tecnologia e inovação, afetando milhares de clientes e parceiros do banco. Entre eles, estão diversas startups brasileiras que tinham contas ou investimentos no SVB. De acordo com estimativas da Bloomberg Línea, cerca de US$ 10 milhões (aproximadamente R$ 52 milhões) de startups brasileiras estavam depositados no banco.

Mas qual é o impacto dessa quebra para o desenvolvimento das startups brasileiras? Segundo especialistas ouvidos pelo TecMundo, o impacto pode ser variado dependendo do tipo e do tamanho da empresa. Para as startups que tinham apenas contas correntes no SVB para facilitar as operações internacionais, o impacto pode ser menor, pois elas podem recorrer a outros bancos ou fintechs que oferecem serviços semelhantes.

No entanto, para as startups que tinham investimentos ou créditos no SVB, o impacto pode ser maior, pois elas podem ter dificuldades para recuperar os recursos ou honrar os compromissos financeiros. Além disso, elas podem enfrentar problemas para captar novos aportes ou financiamentos em um cenário mais restritivo e cauteloso por parte dos investidores.

Segundo Rodrigo Dantas, fundador e CEO da Vindi, plataforma de pagamentos recorrentes que tinha uma conta no SVB desde 2019, a quebra do banco foi uma surpresa negativa para o ecossistema de tecnologia. “O SVB era um banco muito respeitado e admirado pelo setor. Era um banco que entendia as necessidades das startups e oferecia soluções diferenciadas”, diz.

Dantas afirma que a Vindi não tinha nenhum investimento ou crédito no SVB e que usava a conta apenas para receber pagamentos em dólar de clientes internacionais. Ele diz que a empresa já está buscando alternativas para substituir o serviço do SVB e que não espera grandes prejuízos com a situação.

Como o SVB ajudava as startups?

O SVB era conhecido por ser um banco diferenciado para as startups, oferecendo produtos, serviços e conselhos estratégicos adaptados às suas necessidades específicas. O banco tinha uma equipe especializada em entender os desafios e oportunidades das empresas de tecnologia e inovação em diferentes estágios de desenvolvimento, desde as fases iniciais até as mais avançadas.

Alguns dos benefícios que o SVB proporcionava às startups eram:

  • Contas bancárias sem taxas mensais ou mínimos exigidos
  • Cartões de crédito corporativos com limites flexíveis e sem garantias
  • Empréstimos com taxas competitivas e prazos favoráveis
  • Acesso a uma rede global de investidores, parceiros e clientes potenciais
  • Suporte para expansão internacional, incluindo câmbio, remessas e abertura de contas em outros países
  • Orientação sobre aspectos legais, fiscais, regulatórios e operacionais

O SVB também tinha uma forte presença no cenário do venture capital (VC), sendo um dos principais financiadores dos fundos de investimento em startups nos EUA.

Bancos que assim como o Silicon Valley Bank, também financiam startups

No Brasil, o SVB iniciou suas operações em 2012, por meio de uma parceria com o banco brasileiro INVX Global Partners. Em 2019, o SVB obteve autorização do Banco Central para atuar como banco múltiplo no país, ampliando sua capacidade de oferecer produtos e serviços financeiros para as startups brasileiras.

Mas o SVB não é o único banco que financia startups. Existem outras instituições financeiras que também têm interesse em apoiar empresas inovadoras e de alto potencial de crescimento. Algumas delas são:

BNDES: O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social é um banco público que tem como missão fomentar o desenvolvimento econômico e social do Brasil. O BNDES possui diversos programas e linhas de crédito voltados para as startups, como o BNDES Garagem (aceleração), o BNDES Funtec (fomento à pesquisa e desenvolvimento) e o BNDES Crédito Pequenas Empresas (financiamento para capital de giro e investimentos fixos).

BID Lab: O Laboratório de Inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento é uma iniciativa que busca promover a inovação e o empreendedorismo na América Latina e no Caribe. O BID Lab oferece recursos financeiros não reembolsáveis (grants), investimentos em participação acionária (equity) e instrumentos híbridos (quasi-equity) para startups que gerem impacto social ou ambiental positivo na região.

Finep: A Financiadora de Estudos e Projetos é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações que tem como objetivo apoiar projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação nas empresas brasileiras. A Finep dispõe de diferentes modalidades de financiamento para as startups, como subvenções econômicas (recursos não reembolsáveis), crédito subsidiado (juros baixos) e participação acionária (investimento direto ou por meio de fundos).

Sebrae: O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas é uma entidade privada sem fins lucrativos que visa estimular o empreendedorismo no Brasil. O Sebrae oferece diversos serviços gratuitos ou a baixo custo para as startups, como capacitação, consultoria, mentoria, acesso a mercados e redes de contato. Além disso, o Sebrae também apoia financeiramente algumas iniciativas voltadas para as startups, como editais públicos, programas de aceleração e fundos de investimento.

Esses são apenas alguns exemplos de bancos que assim como o Silicon Valley Bank também financiam startups.

Existem outras opções disponíveis no mercado que podem se adequar às necessidades específicas de cada empresa. Por isso, é importante pesquisar bem antes de escolher a melhor fonte de financiamento para sua startup.

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